quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Interferências

Durante o mês de Novembro de 2008, foi proposta aos integrantes do Núcleo de Arte Contemporânea uma experiência de intervenção/interferência em um desenho/trabalho de outra pessoa. 
 Foi encaminhado um desenho original (abaixo), sobre o qual os integrantes teriam a liberdade de desenhar, reproduzir, alterar a linguagem, fosse imprimindo e retrabalhando, fosse via programas de computação gráfica. A tarefa compreendia executar o trabalho e reenviá-lo por internet. 

 Na última reunião do Núcleo deste ano, no sábado dia 29 de novembro, os primeiros resultados foram apresentados e discutidos com o grupo.
Desenho original para intervenções
Algumas observações interessantes sobre o processo: - Este desenho original (acima) não foi feito com inspiração nas pixações, ou latas de spray. - É um desenho a grafite que data de 1993, de anotações feitas por Mila Thiele durante shows e peças de teatro; este especificamente é uma cantora do grupo vocal "Vésper", com um chocalho na mão. - O que surpreendeu foi a leitura de quase todos como "pixação", e daí a interferência seguir em várias das intervenções por este caminho. Sim, novamente comprovado aqui, a arte acompanha e é reflexo da cultura de seu tempo. - Todos os integrantes mostram o mesmo tipo de linguagem que usam em seus outros trabalhos, isto é, quem conhece o trabalho de cada um deles identificaria o autor mesmo que não fosse citado seu nome, o que é muito bom!
Intervenção de Carolina Paz

Carolina, com o objetivo de responder rapidamente o desafio, fez um auto-retrato na mesma posição da figura do desenho original, usando a câmera do computador para capturar esta imagem. Ela usou exclusivamente o Photoshop e procurou manter o mesmo repertório de cores, contrastes e camadas que usa em suas pinturas. Flickr da artista neste link: http://www.flickr.com/photos/carolpaz/. Blog: http://www.idilica.com.br

Intervenção de Daniel de Sousa
Daniel imprimiu o desenho original, e utilizando-se de colagens (que é uma linguagem recorrente em seus trabalhos), criou o "ambiente-muro" ao fundo; na figura, optou por colar pequenos "papelotes" recolhidos de orelhões e postes pela cidade. Para finalização da proposta, escaneou o trabalho.
Intervenção de Fernanda Fiamoncini
Fernanda também optou pela impressão do desenho original, e trabalhou sobre ele com carvão e grafite 6B, criando angulações que remetem à cidade, ao urbano - leu a figura como um "pixador". Escaneou o resultado para o envio.
Intervenção de Luiz Lentini
Lentini trabalhou diretamente no computador, segundo ele bastante livre de expectativas com o resultado; ilustrador profissional que é, sempre tem muitos "objetivos específicos" a serem atingidos, clientes a serem satisfeitos. E neste trabalho, sentiu-se mais livre para dar vazão ao "acaso criativo".
Intervenção de Lia Penteado
Lia trabalhou a imagem no Photoshop. Usou uma renda escaneada e empregou recursos do software. Procurou o "feminino" da imagem primeira.
Intervenção de Mônica Mundell
Monica imprimiu o desenho original, e trabalhou com nanquim, recortes e colagens para chegar a este resultado. O diferencial foi ter "fugido" ao formato original, expandindo o espaço e reformulando a relação figura/fundo.

Intervenção de Paulo Santoro

Paulo Santoro criou um vídeo com som, numa narrativa remetendo também à pixação / contravenção / repressão. Trabalhou digitalmente, e mateve durante todo o processo o traçado do desenho original, acrescentando elementos, e desarticulando os traços.

ESTE É UM PROJETO A SER CONTINUADO.

Agora, com os trabalhos publicados, abre-se um leque de possibilidades:

- pode-se interferir novamente no desenho original,

- pode-se interferir sobre outra interferência,

- artistas ou interessados, mesmo não participantes do Núcleo de Arte Contemporânea podem enviar também seus trabalhos, sempre com base em um dos já publicados.

Observações importantes:

1. Todas as imagens aqui publicadas são passíveis de serem salvas para serem trabalhadas.

2. Por não ser possível que imagens sejam inseridas neste blog diretamente por outros, façam suas interferências e encaminhem para o seguinte e-mail: contato@garecultural.com.br, com nome completo e citando o trabalho sobre o qual fez sua intervenção.

3. As imagens enviadas serão publicadas neste blog, e passarão a ser passíveis de novas interferências.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E começa a performance

Começou nesta 3a. feira, dia 04 de novembro, a performance de Maurício Ianês - "A Bondade de Estranhos", na 28a. Bienal de SP.

O artista se propõe a viver no pavilhão da Bienal até domingo, dia 16; passará duas semanas vagando nu e sem comida, sustentado apenas por doações que receber do público. Não irá se comunicar com ninguém.
Em julho de 2007, na galeria Vermelho, em São Paulo, o artista ficou deitado no chão nu, coberto de purpurina por duas horas, na performance "Zona Morta". Em abril de 2006, também na galeria Vermelho, apresentou a performance "Mensageiro" (atravessava uma trave de madeira de olhos vendados, com uma carta em branco na boca).

Com a instalação, ele pretende questionar a comunicação entre artista e público. http://diversao.uol.com.br/arte/bienal/2008/artistas/mauricio-ianes/


"Meu pensamento tem a ver com os vazios da palavra, com a não-comunicação"...
"É que só a presença é mesmo capaz de encher o espaço", conclui Ianês. "É um ser humano que está se expondo para outro, o que gera um calor imenso."
Talvez por isso a performance de Ianês seja das mais pertinentes --e arriscadas-- diante da proposta dos curadores Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen para esta Bienal, a idéia de que é preciso reacender o vínculo do público com uma obra de arte, implícita no título oficial da mostra, "Em Vivo Contato".

Fonte: Folha OnLine http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u463771.shtml


É o trabalho que mais depende do público pra acontecer, ou ele é o que é, independente da reação?
Chegará ao ponto de ser um "marionete" manipulável pela ação do público, vestirá tudo e qualquer coisa que seja levada a ele? (seria interessante...)
E se ninguém levasse nada, se houvesse de fato a "não-comunicação" citada por Ianês?
É o trabalho que literalmente faz mais jus ao título dessa Bienal - "Em vivo contato"?